16 de fevereiro de 2022

MAURICE TRINTIGNANT


Maurice Bienvenu Jean Paul Trintignant nasceu no dia 30 de Outubro de 1917 em Sainte-Cécile-les-Vignes, França.
Foi nos caminhos da propriedade vinícola da sua família que Maurice Trintignant começou a conduzir, com oito anos, o Bugatti do seu pai, Fernand Trintignant.
Em 1933, o seu irmão mais velho, piloto de automobilismo, morreu num acidente no Grande Prémio de Picardie. Maurice tinha 16 anos e esse acontecimento despertou ainda mais o seu desejo em se tornar também piloto, o que veio a acontecer cinco anos mais tarde, no Grande Prémio de Pau, onde terminou no 5º lugar ao volante do Bugatti 51, no qual seu irmão perdeu a vida.
Com o início da Segunda Guerra Mundial, todas as provas de automobilismo foram interrompidas. Maurice iniciou a atividade de viticultor em Vergèze e guardou o Bugatti 51 num celeiro, ao lado do seu tractor, mas com receio que os alemães o encontrassem, desmontou o carro e escondeu-o entre os fardos de palha. Em 1943, os alemães bateram-lhe à porta em busca de Raoul Trintignant, o seu irmão que tinha ligações à resistência. Maurice acabou feito prisioneiro, foi levado para Mauthausen e depois para um campo de trabalhos forçados, até 1945. Com o fim da guerra, regressaram as corridas e Maurice reconstruiu o seu Bugatti 51 para participar no Grande Prémio de Bois de Bologne, no entanto o motor do carro não funcionou. Devido ao tempo que esteve envolto nos fardos de palha, Maurice encontrou pétoules (pequenos excrementos de rato) dentro do carburador. O seu grande amigo e piloto, Jean-Pierre Wimille, perguntou-lhe o que são pétoules e riu-se dele: "Sacré pétoulet!" , apelido que o acompanhará ao longo de sua carreira.
Em 1948, no Grande Prémio de Berna, teve um grave acidente sendo cuspido do seu carro e quando estava estendido na pista foi atropelado pelo carro de um outro piloto. Maurice sofreu várias fraturas nas costelas, perdeu quatro dentes e rompeu o baço. No hospital, enquanto era tratado pelos médicos e enfermeiros, o seu coração parou durante 1 minuto e 15 segundos. Esteve em coma durante dois meses e sofreu de amnésia durante meio ano. Em Junho de 1949, regressou à competição e venceu a corrida de F2 no circuito de Angouleme, ao volante de um Simca-Gordini.
No dia 21 de Maio de 1950, Maurice Trintignant estreou-se no Campeonato do Mundo de F1 com a Simca-Gordini no Grande Prémio do Mónaco. Depois de ter largado do 13º lugar, desistiu, junto com mais oito pilotos, quando uma onda invadiu a pista na Curva do Tabaco. Nessa temporada, Trintignant participou ainda no Grande Prémio de Itália, mas voltou a desistir.
Em 1951, disputou três corridas (França, Alemanha e Espanha), mas não chegou ao fim em nenhuma delas.
No ano seguinte, participou em cinco provas. Conseguiu o 5º lugar no Grande Prémio de França e assim conquistou os seus primeiros pontos na F1, mas nas restantes corridas somou três abandonos e foi 6º na Holanda.
Em 1953, disputou oito das nove corridas do campeonato, com excepção das 500 Milhas de Indianápolis, que durante a década de cinquenta faziam parte do Campeonato Mundial de F1. Dois 5ºs lugares, na Bélgica e em Itália foi o melhor que conseguiu.
No ano de 1954, Trintignant foi contratado pela Ferrari. Depois de ter começado a temporada com o 4º lugar na Argentina, conquistou o seu primeiro pódio na F1 em SPA-Francorchamps, onde foi 2º no Grande Prémio da Bélgica. O francês conseguiu por duas vezes o 5º lugar, em Inglaterra e em Itália e pelo meio voltou a subir ao pódio com o 3º lugar na Alemanha. 
Em 1955, Trintignant começou a temporada com um 2º e um 3º lugar no Grande Prémio da Argentina. Devido ao elevado calor que se fazia sentir em Buenos Aires, cerca de 54 graus, a maior parte dos pilotos entrou nas boxes para serem substituídos por um piloto de reserva. Trintignant tinha desistido na volta 36 com problemas de motor, mas depois conduziu o carro de José Froilán González, que terminou no 2º lugar, e também o carro de Nino Farina, que terminou no 3º posto. Na corrida seguinte, no Mónaco, Maurice Trintignant largou do 9º lugar da grelha de partida, assumiu o comando da prova na 80ª volta, liderou as últimas vinte voltas e conquistou a sua primeira vitória na F1, tornando-se no primeiro francês a vencer uma corrida do Campeonato Mundial de F1. Nas restantes corridas do campeonato, Trintignant não voltou a pontuar. 
Em 1956, ingressou na Vanwall, disputou quatro provas com a equipa britânica (Mónaco, Bélgica, Inglaterra e Itália), desistindo em todas com problemas mecânicos. Pelo meio, conduziu o Bugatti T251 no Grande Prémio de França, mas abandonou quando o acelerador do seu carro falhou na 18ª volta.
No ano de 1957, conduziu o Ferrari 801 em três corridas. Foi 4º em Inglaterra, 5º no Mónaco e desistiu em França.
Em 1958, Trintignant começou a temporada com a Cooper e foi com o carro inglês que venceu o Grande Prémio do Mónaco. Três meses depois, voltou a subir ao pódio com o 3º lugar alcançado no Grande Prémio da Alemanha. Nesse ano, Trintignant conduziu também o Maserati 250F na Bélgica e o BRM P25 em França.
No ano de 1959, Trintignant voltou a disputar todo o campeonato com a Cooper. Começou a temporada com o 3º lugar no Mónaco, depois foi 5º em Inglaterra, 4º na Alemanha e em Portugal, e terminou o campeonato com o 2º lugar no Grande Prémio dos Estados Unidos, onde realizou a sua única volta mais rápida em corrida.
Nos quatro anos seguintes, Maurice Trintignant correu pela Cooper, Aston Martin, Lola, Lotus e BRM, mas nunca conseguiu marcar um único ponto.
Em 1964, com o BRM P57, disputou quatro corridas e falhou a qualificação no Mónaco. Em Agosto, na Alemanha, terminou a corrida no 5º lugar e conquistou os seus últimos pontos na F1. No dia 6 de Setembro, em Monza, onde se correu o Grande Prémio de Itália, Trintignant despediu-se da F1.
Para além da F1, Maurice Trintignant disputou as 24 Horas de Le Mans entre 1950 e 1965, com excepção do ano de 1963, e venceu a corrida em 1954 com um Ferrari 375 Plus. 
Em 1982 e com 64 anos, participou no Rally Paris-Dakar com um Toyota BJ, não tendo conseguido terminar a corrida.
Depois de se retirar da competição, regressou à sua vida de viticultor em Vergèze, na região vinícola de Languedoc-Roussillon. 
No dia 13 de Fevereiro de 2005, Trintignant morreu aos 87 anos.
Maurice Trintignant esteve 15 anos envolvido na F1. Disputou 81 Grandes Prémios. Conquistou 2 vitórias, 1 volta mais rápida e 10 pódios.

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